Tem muita gente comemorando a
aprovação, no congresso, do aumento da cota social nas universidades. Os alunos
oriundos das escolas públicas e os socialmente desfavorecidos terão maiores
oportunidades de ingressar nas universidades públicas. Vejo isso com pouco
ânimo. Não quero com isso alijar grande parte da população brasileira dos
estudos em uma universidade gratuita, mas não sou favorável a esse tipo de
postura para resgatar ou redimir décadas de abandono e descaso por parte das
autoridades à essa parcela sofrida da população. Acho que o empenho devia ser
em busca de melhorar o ensino público nas bases ao invés de facilitar o
ingresso lá em cima. Fazendo isso o governo acaba por nivelar por baixo o
ensino superior e, em vez de garantir progresso para o país, só faz atrapalhar
essa difícil caminhada já que os estudantes não estão preparados para ela.
Infelizmente não é raro
encontrarmos nos bancos das faculdades pessoas que não sabem escrever seu
próprio idioma pátrio, e não entendem o que leem nos livros. Envolvidos que
estão com a prática social e sabendo que esses alunos “fizeram um primário mal feito”
os professores começam a ser cada vez mais condescendentes e baixam cada vez
mais os critérios para aprovação, fazendo com que os alunos aprendam cada vez
menos, mas mesmo assim não deixem de sair com seus diplomas.
Para que ter diploma sem
conhecimento? Como confiar em profissionais que mal sabem redigir um parágrafo
e não entendem nada do que leram. Se é que leram. Como disse antes, o erro não
está em deixar esses alunos entrar na universidade, mas em deixá-los jogados ao
léu durante os anos iniciais de suas vidas estudantis. O erro é não investir em
professores e escolas que sejam boas de verdade. O erro é fazer de conta que
eles aprendem alguma coisa quando vão para a escola só atrás da merenda. O erro
é distribuir bolsas assistencialistas às famílias fazendo-as acreditar que não
precisam se empenhar para viver. Maior erro é acreditar que entrando na
faculdade as coisas vão mudar para melhor.