domingo, 1 de janeiro de 2017

Violência, a linguagem do homem


 
Muito se fala (com razão) da violência contra a mulher, e ao que tudo indica muito pouco resultado têm todas as campanhas, advertências, leis, programas e sugestões para que os números que atestam essa barbárie diminuam.

Todos os dias vemos a mídia anunciar assassinatos, tentativas de assassinato, ou espancamentos de mulheres, que são vitimadas por homens que têm muita proximidade no cotidiano delas. São companheiros, ou ex, que acham que são seus donos, e podem dispor daqueles corpos, sentimentos, ideias e ações, como se as mulheres fossem objetos ou coisas.

Elas são criadas culturalmente a aceitarem o domínio do homem. Eles são criados culturalmente a serem dominadores e a não aceitarem a liberdade das mulheres. E quem ensina essa lição? Quem repassa esses conhecimentos, e por quê? A verdade é que mesmo sem se dar conta, aprendemos e ensinamos inconscientemente esse conteúdo. Em cada música, pouco importa o estilo musical, podemos ver como essa estrutura se expõe e retrata o que fazemos. E o que é pior: o que devemos fazer, afinal a cultura que nos permeia nos dá as diretrizes. A urbana música baiana de carnaval entra, vez por outra, na mira de ativistas que defendem os direitos da mulher, por expor e oficializar a dominação do homem.

O brega e o funk, em geral, também reproduzem com clareza a realidade que confirma que o homem vale mais que qualquer mulher. O sertanejo, que domina a maior parte dos rincões brasileiros não fica atrás com suas histórias de ‘amores’ não realizados por culpa das ‘ingratas’ que devem ser abatidas à bala, mesmo que o desditoso e amargurado peão guarde para si outra bala. As produções áudio-visuais não ficam atrás quando o enfoque é a dominação masculina e o uso da violência. 

Escolha qualquer filme desses que são ‘campeões de bilheteria’ e conte quantos momentos de amor (sexo, beijo, carinhos, etc) existem. Com uma mão somente, muitas vezes dá para fazer as contas. Agora experimente contar quantas pessoas morrem, somente porque aparecem na frente do ‘mocinho’. A vida, em geral, não vale mais que um cartucho carregado de munição. Para cada 250 homens aparece uma mulher, e sempre sem força suficiente para determinar os caminhos a serem seguidos. E geralmente, para atrapalhar o mocinho, fazendo-o sair de seu roteiro para salvá-la de algum perigo em que ela tenha se metido por ser mulher. Se fosse homem teria logo levado uma bala.


Mata-se para ter bilheteria nos cinemas. Matam-se homens. O importante é mostrar quem é o mais forte, e demarcar território. Seja no longínquo passado, quando os homens habitavam nas cavernas; na idade média, com a benção da igreja, que exigia que o sangue infiel fosse derramado; na idade moderna, quando a colonização de novas terras sugeria a exterminação dos selvagens; as guerras mundiais ou regionais, eliciadas por motivos econômicos, geográficos, ideológicos, políticos, ou ainda religiosos; ou no futuro, quando a humanidade, teoricamente, deveria estar em paz, mas só vislumbramos mais violência, dessa vez com requintes high-techEssa é a tônica de nossa produção atual. 

Há alguns anos o sexo era um grande atrativo das salas de cinema. As mulheres, claro, eram objetos de satisfação dos protagonistas e da plateia, que era masculina. 

Para cada música, filme, novela ou série que assistimos e conseguimos sentir um pouco de identificação com aquela situação mostrada, seja porque achamos engraçada, correta, ou normal (sublinhe-se aqui esse adjetivo: normal), estamos corroborando o domínio masculino sobre o feminino.


Isso significa que o homem pode (e deve, em muitos casos) agir para por a mulher em seu devido lugar, que é longe dos ambientes de decisão e longe dos lugares públicos. Que elas fiquem dentro de alcovas trabalhando para fazer comida, limpar salas, cuidar de roupas dos homens. E estarem prontas para servirem sexualmente os donos de suas vidas, e apanharem caso eles sintam que elas mereçam.


Para você ter certeza que essa é a nossa cultura, basta analisar o que você sentiu e pensou ao ler essas palavras. Certamente veio à sua mente que o que escrevi está certo, e que devemos mudar.


E o que estamos fazendo para mudar? Ouvindo músicas, dançando e tendo alegria com elas? Curtindo os filmes? Discutindo em mesas de bar como os homens são melhores e as mulheres são bibelôs que devem ser bem cuidadas? 


Será que achamos que as mulheres precisam da ajuda dos poderosos homens para serem defendidas desses mesmos primitivos machos que se acham donos da verdade?


Se elas (vocês, mulheres) estiverem esperando ajuda masculina para que a violência seja detida, o máximo que vão receber é uma bala certeira. As perdidas não são disparadas nesse momento.  

          

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Os Midiotas - Apologia ao besteirol


Longe de querer informar, a grande mídia desenvolve, com sucesso, uma estrutura para tornar as populações cada vez mais ignorantes sobre o que se passa no mundo, imbecilizando-as.
É só assistir qualquer programa de rádio, TV, internet, ou ler qualquer jornal ou revista disponível ao grande público que facilmente percebe-se que o foco das notícias não é o fato em si, mas sim, como as pessoas (envolvidas ou não no fato) se sentem em relação ao que aconteceu.
Isso, quando a própria matéria  não é um assunto "bombástico" como: "minha vizinha casou com o entregador de gás", "vendedora de sapatos encontra primos depois de 50 anos", ou coisas do gênero. Nada contra histórias pessoais, mas, pense: por que essa escolha? A plateia (leitor / ouvinte / (tele)assistente) tende a se identificar com a matéria e, automaticamente, se imagina no lugar do entrevistado,pensado: "Comigo seria diferente", "puxa, que legal", ou "que pena, coitado", etc e tal.

Um exemplo
A tragédia ocorrida recentemente em Minas Gerais é mostrada, geralmente, nos aspectos em que a vida de uma, duas ou dez famílias foram atingidas, e os efeitos sobre suas vidas: "vou ter que começar do zero", "perdi tudo, minha plantação, a casa e minha família"...

O que eu reclamo 
A mídia não mostra as implicações estruturais, políticas, sociais e econômicas que antecederam ou que precederão o acidente, de forma a fazer o cidadão pensar que ele faz parte daquele sistema social. 
Como pode uma mineradora construir tudo aquilo para fazer seu trabalho e ainda conseguir burlar TODAS as exigências e fiscalizações que poderiam evitar esse tipo de problema?

Como os Governos federal, estadual e municipal ficam isentos quando um acidente acontece, e responsabilizam somente as empresas? Sabemos que a participação dos governos é direta como gestor, liberador de alvarás, licenças e como fiscalizador. Cadê os (ir)responsáveis pelas liberações e fraudes na expedição de documentos às empresas? Não serão presos, exonerados, investigados, sequer?

E o que a mídia tem com isso?
Tudo que se relacione com a reação do público. Da população, em geral. Enquanto a mídia mostra o lado individual, cotidiano e desimportante das vidas de famosidades ou de anônimos, o povo vai se educando em (falta de) conhecimento que não leva a nada, e desaprende que é sua a responsabilidade vigiar o governo (e não seus vizinhos) para que se evitem roubalheiras e corrupção, cobrar ações dos governantes, pressionar seus eleitos representantes, e agir para o seu próprio bem, em vez de ficar pensando que seu destino "é assim mesmo, porque deus quis".
A mídia está criando uma nova espécie de primata: o Homo midiota. Se satisfaz consumindo drogas que agem em alguns de seus neurônios, estimulados que são por besteiras que ele lê, vê ou ouve. Outros neurônios são, por outro lado, destruídos.
O Homo sapiens está em plena extinção.  

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Agressão nota 10,0


A cada dia que passa, ficam mais frequentes as notícias sobre agressão de alunos aos professores nas escolas. Um não gostou da nota que recebeu; outro sentiu-se humilhado pelo lente; um terceiro tenta roubar a professora que, ao se defender, deu o motivo para ser agredida. Um leva cinco tiros, outro sete facadas, outra é esmurrada, atingida por uma mochila... 
E assim a nossa sociedade vai se acostumando com essa barbárie. Os professores dizem que essa realidade desestimula a carreira docente, e que o número de professores vai diminuir em futuro muito breve.
Eu acho que esse número não vai diminuir, mas que vai haver uma mudança de perfil do docente.
Em poucos dias as vagas serão ocupadas por gente que gosta de usar a violência nos seus relacionamentos. Se aquelas pessoas que se realizam no exercício educativo vão se afastar das salas de aula, os "vingadores" serão os próximos ocupantes das vagas a serem preenchidas nas salas de aulas das escolas.
Eles não esperarão que os alunos sejam educados e respeitosos no ambiente escolar. Encarnarão o papel de "bad boys" e desafiarão os alunos a se manifestarem de forma incorreta durante a permanência na escola. Caso isso aconteça, serão os professores os primeiros a baixar a porrada na estudantada metida.
Como as sociedades mudam - mas não necessariamente para melhor -, poderemos ver em breve, relações dentro das escolas como aquelas existentes em meados do século passado, onde os professores tinham ao seu lado uma palmatória para punir, ali mesmo, com sua autoridade, o aluno rebelde. A sociedade da época achava isso normal e aceitava de bom grado a possibilidade da repreensão. Tempos idos!
Hoje vemos os alunos - e suas famílias - ameaçarem e agredirem os professores. Amanhã, não nos surpreendamos quando os alunos estiverem sendo educados na base da porrada pelos seus professores.
A "evolução" para esse quadro é natural, afinal de contas, é esse aluno que hoje agride o professor, que estará em atividade como adulto. E, certamente, muitos deles se encaminharão para o mundo escolar. Se enquanto aluno ele não respeita a autoridade do professor, imagina o que ele não vai fazer quando um aluno desrespeitar a sua autoridade. As mortes serão assunto frequente nos recreios escolares.
  

sábado, 30 de agosto de 2014

Acervos

Na porta da emissora eu e Onilda recebendo o carinho dos fãs

Depois de algum tempo, resolvi encarar de frente o trabalho de arrumar, dar nomes, catalogar, etc. e tal, os arquivos que guardei da extinta Rádio Universitária AM, da UFPE. Algumas gravações não têm o menor valor histórico, mas têm sentimental. Outras são importantes, sim. A última entrevista dada pelo cantor Hélio Portinhal, um desabafo de Guilherme Arantes, um encontro com Onilda Figueiredo, que transformei em "vídeo" para o YouTube com o áudio de sua participação no Programa da Boa Idade.
 
Outros tantos arquivos musicais de diversos blogs que ainda mantenho estão por lá também.
Os links abaixo direcionarão o interessado a alguns arquivos.

O Mundo é Brega
Animal Musical
Auto Musical
Cantando Mulher
Vela de Sebo

  Rádio Universitária AM/UFPE
  PGM com Hélio Portinhal
  PGM com Guilherme Arantes
  PGM Quintas às quintas, com Fátima Quintas
  Entrevista com Cauby Peixoto
 Vídeo de Onilda Figueiredo no YouTube
 PGM Outro Estilo

sábado, 12 de julho de 2014

Copa, cozinha e área de serviço - Lavando roupa suja

Depois de uma lamentável performance a seleção brasileira "volta pra casa" sem ter saído dela...
Tropeçando nos primeiros jogos contra adversários de pouca expressão, o Brasil conseguiu chegar às quartas-de-final onde encarou pela primeira vez um time de verdade, com o nome de Alemanha. Levou sete gols. Foi disputar o terceiro lugar com outro, chamado Holanda, e tomou mais três. Dez gols em dois jogos é uma realidade que expõe a fragilidade do que se chama time brasileiro. Na verdade não é um time, é sim, apenas um grupo de pessoas que juntas no campo, esperam que a cor da camisa ou a força do nome histórico da "seleção brasileira" consiga amedrontar o adversário e, pior, ainda por cima, faça gols. 
Dessa aventura desastrosa resta uma lição - que obviamente não será aprendida: o Brasil é um time como qualquer outro, que pode ganhar, empatar ou perder. De muito ou de pouco. Dessa vez foi a hora de perdermos. De muito. Precisamos mudar, sim. A seleção, e a nossa capacidade de encarar a realidade. 
Por que não nos tornamos, pelo menos, um pouco mais exigentes em relação aos nossos governantes?
Será que o trabalho deles repercute menos em nós que as lambanças que o time do Brasil faz em campo? 
Nossas derrotas nesses campos econômicos e políticos são bem mais vergonhosas e desastrosas, mas parece que aguentamos melhor esse fardo.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Transformações


É chegada a hora da Copa do Mundo de Futebol se realizar no Brasil e o que era pra ser uma festa vai aos poucos se transformando numa baderna generalizada. Por um lado os governos investiram muito dinheiro em obras que não lhes cabia o dever; por outro somente os estádios ficaram prontos, e as outras obras que deviam melhorar a vida dos torcedores não chegaram ao final (chegarão depois da Copa?). São obras de acesso rodoviário e aeroportuários principalmente, que foram feitas nas coxas, sem o planejamento necessário para sua conclusão e sua qualidade FIFA serem atingidas. O povo não é besta e não gostou do resultado da administração. Alguns grupos resolveram enfrentar o Governo e exigir Escolas e Hospitais no padrão de qualidade FIFA. Prometeram que não ia haver Copa. Se for assim o prejuízo será maior ainda. Sindicatos resolveram apelar e, por conta própria ignorando a Justiça, resolvem parar os trabalhos de seus associados de uma hora pra outra, aproveitando o mote da Copa. Ônibus, metrôs e trens que servem à população das grandes cidades são alvos constantes de paralisação. Somente dessa forma o movimento vai às mídias e o Governo fica com as calças nas mãos sem ter como sair da sinuca em que se meteu. O grande problema é que esse desserviço prestado à população pelos trabalhadores que reivindicam melhores condições de trabalho ultrapassa o bom senso e os limites sociais de uma greve. O desrespeito à Justiça, como se fosse apenas uma força a mais a ser detida, cria problemas de ética e moral civil e social, demonstrando que o Estado é fraco. Demonstrando que as pessoas não têm mais noção do que é direito nem sociedade, nem do perigo que correm ao institucionalizarem o poder feito pelas suas próprias consciências e mãos. A democracia é um estado que abrange muitas ideias, mas também é um estado que pode deixar de existir caso os excessos e desrespeitos sejam a regra a ser seguida. Isso equivale à Lei do Cão: Cada um por si e salve-se quem puder. Para por ordem, as Forças Armadas podem achar que precisam agir. E aí a história é outra. Já conhecida, por sinal. É a sociedade marcando um gol contra, e perdendo mais uma vez a oportunidade de melhorar com o evento que tem dentro de casa.    

terça-feira, 4 de março de 2014

Mas é carnaval...

Carnival masks in VeniceComo toda boa festa popular, o carnaval tem suas características próprias de acordo com o local onde está sendo realizado. Seja por interesses econômicos, sociais, particulares, estéticos ou artísticos, as manifestações são as mais distintas possíveis e, se isso, dá um cunho de riqueza à festa, dá também, por outro lado, possibilidade de desvirtuamento ao extremo do comportamento das pessoas e, por que não dizer, das sociedades como um todo.
Nas redes sociais, nessa época, pululam posts a favor e contra a nudez explorada ao máximo nos carnavais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Lá a mulherada só aparece na mídia se estiver nua. Coisas do carnaval... 
Será que é do carnaval, ou a mídia é que prefere fazer notícia desses acontecimentosO carnaval pernambucano segue a tradição dos antigos carnavais que primavam pelo uso da fantasia. Ainda há os concursos de fantasia, mas para a mídia, lantejoulas, lamês, plumas e paetês não são mais atrativos.  Mas em Pernambuco o carnaval - de rua e de graça, diga-se de passagem - continua com amostramento de fantasia. Folião que se preze não repete fantasia de um dia pro outro, e os blocos primam por exibir seus melhores figurinos, cores e criatividade a cada ano.
Se em Pernambuco a preferência é por mostrar o que se pode fazer "por fora", buscando uma igualdade visual com os outros figurantes, no caso de um bloco de carnaval, nos carnavais-bacanais do Sudeste, a exibição é para mostrar o "por dentro", ou seja, quantos mililitros de silicone aquela desfilante conseguiu colocar nos seios, ou quantos aquela outra conseguiu colocar nas  nádegas. A mídia, como matilha de lobos famintos, baba ao ver uma dobrinha siliconada de qualquer pretensa celebridade que desfila com um fiapo qualquer que foi colado ao corpo.
A sociedade de cirurgia plástica, as fábricas de silicone, e os hospitais deveriam ser os principais patrocinadores desses desfiles, afinal são eles os maiores envolvidos e interessados, mesmo que uma bunda fique invertida por não aguentar tanta sacolejada, ou que um peito fique mais parecido com uma lata que com uma mama. Mas são detalhes, apenas.
Como sugestão para os próximos carnavais, as desfilantes poderiam iluminar suas "fantasias" com piscas ou neon. Aí poderão falar com propriedade o famoso bordão: "aquela está com os faróis acesos!"

sábado, 2 de novembro de 2013

Finados



Tenho um acordo com os mortos: Eu não os visito; eles não me visitam.

domingo, 27 de outubro de 2013

Carnaval novo em tempo antigo


A fim de exercer o legítimo direito de ser folião, resolvi fazer uma "desomenagem" aos blocos líricos do carnaval do Recife. Prontinha para você ouvir aqui na minha interpretação.



Antiga Mente 
                                                                                Carlos Dantas


Não quero mais saber de andar de bonde  Tampouco, de viver de ilusões
Pierrô, amarre toda a poesia  Com as cordas desses velhos violões

As flores já murcharam de saudade   O galo, de tão velho, já morreu
Eu quero é mais que o siri esteja na lata  Mas vai pro rio, que o Ibama apreendeu

 - Refrão -

Fica no passado antiga mente  E não venha mais me assombrar
Eu sou folião, não sou demente  Se não vivi, como é que vou me lembrar? (bis)

Nunca vi aurora com o sol se pondo  Quero futuro e não mais evocações
E aquele bimbalhar de fantasias  É bem melhor penduricar nos barracões

As pastoras hoje não pastoram nada  Até o velho já desapareceu
A vassourinha tinha cabo de madeira  E o cupim, até a flauta, ele roeu

Fica no passado antiga mente  E não venha mais me assombrar
Eu sou folião, não sou demente  Se não vivi, como é que vou me lembrar? (bis)

Já não sou mais inocente, nem rebelde  Nem batuta, nem menestrel no Pina
E não tenho mais Lily no coração  No carnaval sou folião, é minha sina

Os valores do passado se perderam  E o frevo na Bahia se meteu
Se você não entende como canto isso  É só porque você não pensa como eu (bis)

Fica no passado antiga mente  E não venha mais me assombrar
Eu sou folião, não sou demente  Se não vivi, como é que vou me lembrar?



domingo, 13 de outubro de 2013

Bregar sem brigar


Tem gente que se acha! “Se acha” no direito de dizer que Restart, Teló, duplas caipiras, e outras manifestações musicais e artísticas não têm valor, e merecem, por isso, ser criticadas e desvalorizadas.
            Ignorantes de sua própria cultura, essas pessoas não sabem nem que fazem parte da mesma sociedade que consome esses produtos por eles desprezados. Cuidam com carinho do preconceito e da discriminação que vive dentro do peito, mas se colocam como defensores do que é bom e do que é cultura, como se isso fosse algo a ser controlado.
            Essas pessoas se dizem democráticas e, apenas, criticam esses artistas e essas manifestações, somente porque alguém disse que não prestava e elas acreditaram. Na maioria das vezes nunca nem escutaram as músicas que deploram. E sabem por que? Têm medo de gostar se ouvirem.
Nas redes sociais fazem apologia à amizade, ao respeito; compartilham ideias e pensamentos que, teoricamente, enaltecem valores positivos da humanidade, mas são os primeiros a repassar fotos montadas que avacalham com alguém, mostram pessoas em situações vexatórias, denigrem a dignidade de desconhecidos, numa brincadeira de mau gosto e de consequências pouco previsíveis.
Comentam informações sem terem o mínimo de conhecimento do fato. Só porque alguém publicou algo, essas pessoas lêem, e já acham que é verdade.
Como são fúteis e perigosas essas pessoas. Como são desprezíveis, assim como suas atitudes que desprezam os valores dos outros.

Só sabem olhar para o seu próprio umbigo. Só esquecem de lavar o umbigo na hora do banho.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Sem maquiagem


De repente tudo é motivo para o povo ir às ruas e protestar. O ônibus demora? Vamos pro meio da rua! O médico não atende no Posto de Saúde? Vamos pro meio da rua! A passagem aumentou? Vamos pro meio da rua! Construíram um estádio de futebol e não escolas? Vamos pro meio da rua!
Um sentimento de civilidade e patriotismo tomou conta dos brasileiros, entretanto na onda do coletivo, há alguns aproveitadores que desvirtuam o processo de exigência dos direitos básicos da população. Vândalos por ideologia, por estarem sendo pagos por forças interessadas em avacalhar com o processo, ou simplesmente por serem baderneiros mesmo que procuram dar vazão aos seus mais perversos instintos acabam por roubar a atenção da mídia e desviando o foco principal das manifestações e, o que é pior, dando outra direção ao caminho a ser percorrido em busca da democracia. As autoridades estabelecidas se esforçam para combater os excessos desses desviantes usando, literalmente, a força. Isso dá chance para que os vândalos se tornem mais agressivos. 
Uma manifestação aqui, outra ali, mais outra naquele lugar... Daqui a pouco encontramos manifestantes em todos os rincões do país. O que era passível de ser visto apenas pela televisão acontecendo na Av. Paulista, ou na Candelária, é encontrado agora ao vivo, aqui na esquina. Aparecem logo os que defendem a volta dos militares para "por em ordem as coisas e levar essa canalha toda em cana, de preferência embaixo de muita porrada". 
Se nos detivermos a observar somente uma ou outra manifestação, não daremos conta do todo que está acontecendo na sociedade brasileira. Não é privilégio nosso. O mundo está em convulsão política e econômica. Mas isso não é novidade. Alguma coisa está para acontecer e não será necessariamente positivo em seus resultados. É hora de recolher e ficar em casa? Não creio, mas é, certamente, hora de ter cuidado com o que está acontecendo nas ruas para que não se perca o controle e uma guerra civil acometa nossa sociedade. Há políticos ruins no poder? Claro que sim, mas fomos nós quem os pusemos lá de forma ordeira e democrática. Tirá-los de lá deve ser feito da mesma forma. Sem baderna, sem violência. Se não a gente perde o respeito e os direitos tão duramente conseguidos.    

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Novos sites

Frevo de Lula Cardoso Ayres

Percebendo a falta de um site que contenha informações reunidas sobre frevo, resolvi encarar o desafio e já comecei a rascunhar um.
Acesse e dê sugestões e opiniões. Precisamos dar as mãos para "dançar essa música".

Ouvindo Frevo

sábado, 15 de dezembro de 2012

Pancadaria não é à toa.


Dois fatos me chamam a atenção nessa nossa sociedade do fim da era de Aquário, que só chega ao final daqui a mais de 500 anos: a hipersexualidade das pessoas, com grande liberdade sexual para ser o que bem se entende, e a hiperviolência, em muitos casos tratada como esporte. Em ambos os casos acredito que exista uma boa dose de publicidade que faz com que as pessoas acreditem que viver situações com essas características, de alguma forma é bom.
Ser gay em nossa sociedade é quase uma obrigação para ser socialmente aceito. E curtir violência também faz parte inerente de nosso dia-a-dia. Mas não falo daquela violência das "facções criminosas", do crime organizado ou da polícia. Falo da violência de nossas mentes. Mentes e corações que se satisfazem com jornalismo de qualidade duvidosa, jogos de computadores nos quais o participante tem que roubar e matar tantos quantos apareçam à sua frente, pouco importando se são zumbis ou inocentes transeuntes.
Falo da violência de lutas-vale-tudo transmitidas pela televisão como forma de garantir uma descarga catártica por parte dos telespectadores. Homens lutando num ringue, se arrebentando um ao outro, tirando sangue para o júbilo pervertido dos cidadãos que precisam assistir tais programas para se sentirem realizados, pois em suas pacatas e medíocres vidas não conseguem dar vazão à agressividade.
E nesse momento há um componente igualmente perverso, mas de cunho sexualizado: o prazer erótico em ver aqueles atletas no ringue. Essas lutas devem excitar as mulheres que procuram ver nesses homens aqueles combatentes que tudo fariam para tê-las nos braços. Devem também mexer com o imaginário dos telespectadores masculinos, excitando os núcleos homossexuais deles, afinal eles têm prazer em ver aqueles corpos musculosos e suados que se agarram e se esmurram.
Não creio que seja coincidência que esses dois momentos tão importantes no comportamento das pessoas estejam acontecendo ao mesmo tempo e com tanta veemência.
Já que é para viver a sexualidade, e ela pode ser tanto hetero, quanto homo; e a violência também pode ser expressada para dar uma válvula de escape aos neuróticos modos de viver que inventamos para nós mesmos, por que  não unir, logo, as duas facetas? O útil ao agradável?
Danado vai ser quando os lutadores, em vez de fazerem careta um pro outro, trocarem beijinhos...
      

domingo, 16 de setembro de 2012

Volta Folia



Nova música em processo de gravação. Aqui uma descontraída apresentação no hall de entrada da TV Universitária, com o arranjador ao violão e o autor na voz, acompanhado pela cantora Lenira Souza.
A composição é minha e o arranjo foi feito pelo maestro Hamilton Florentino.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Isso é Grave. Isso é Greve!


Brasília, 11 de setembro de 2012, 10 horas da manhã. Entro na aeronave da TAM para voltar a Recife e recebo o jornal Primeira Chamada, do qual algumas páginas foram escaneadas e  publicadas abaixo. 
Em sua primeira página (foto 1) o jornal editado pela Agência Estado, a mesma que publica o jornal O Estado de São Paulo, destaca que uma "Greve vira arma contra Obama em Chicago". Essa matéria é desenvolvida no editorial Internacional e toma a metade da página 8 (foto 2). Em outro editorial, o Vida, na página 10 (foto 3) há uma referência de apenas 1/4 de página às greves das Universidades Federais brasileiras cujo teor não dedica absolutamente nenhuma importância ao fato, apenas cita o desenrolar do movimento, diferentemente da abordagem ao fato acontecido nos EUA que mostra implicações políticas, educacionais e econômicas. 
A Agência Estado com sua linha editorial deixa bem claro que uma greve de professores municipais de Chicago, no estado norte-americano do Illinois é muito mais importante que a greve que paralisou 98% das Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil - leia-se Universidades e Institutos Técnicos. 
Talvez seja distorção de minha percepção achar que algo de estranho está acontecendo na mídia brasileira quando ela se refere às greves que atingem o governo e o povo brasileiro de forma tão inócua e desprezível, mas, sinceramente, não consigo entender o porquê da greve de lá ser tão mais importante que a nossa... 
Isso é grave!   


foto 1

 foto 2


foto 3

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cotas sem cotação no mercado


Tem muita gente comemorando a aprovação, no congresso, do aumento da cota social nas universidades. Os alunos oriundos das escolas públicas e os socialmente desfavorecidos terão maiores oportunidades de ingressar nas universidades públicas. Vejo isso com pouco ânimo. Não quero com isso alijar grande parte da população brasileira dos estudos em uma universidade gratuita, mas não sou favorável a esse tipo de postura para resgatar ou redimir décadas de abandono e descaso por parte das autoridades à essa parcela sofrida da população. Acho que o empenho devia ser em busca de melhorar o ensino público nas bases ao invés de facilitar o ingresso lá em cima. Fazendo isso o governo acaba por nivelar por baixo o ensino superior e, em vez de garantir progresso para o país, só faz atrapalhar essa difícil caminhada já que os estudantes não estão preparados para ela.
Infelizmente não é raro encontrarmos nos bancos das faculdades pessoas que não sabem escrever seu próprio idioma pátrio, e não entendem o que leem nos livros. Envolvidos que estão com a prática social e sabendo que esses alunos “fizeram um primário mal feito” os professores começam a ser cada vez mais condescendentes e baixam cada vez mais os critérios para aprovação, fazendo com que os alunos aprendam cada vez menos, mas mesmo assim não deixem de sair com seus diplomas.
Para que ter diploma sem conhecimento? Como confiar em profissionais que mal sabem redigir um parágrafo e não entendem nada do que leram. Se é que leram. Como disse antes, o erro não está em deixar esses alunos entrar na universidade, mas em deixá-los jogados ao léu durante os anos iniciais de suas vidas estudantis. O erro é não investir em professores e escolas que sejam boas de verdade. O erro é fazer de conta que eles aprendem alguma coisa quando vão para a escola só atrás da merenda. O erro é distribuir bolsas assistencialistas às famílias fazendo-as acreditar que não precisam se empenhar para viver. Maior erro é acreditar que entrando na faculdade as coisas vão mudar para melhor. 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Profissionais ruins, público pior ainda.

Cada vez que acesso a internet dou uma olhada nos sites UOL e Globo para me informar do que anda acontecendo no mundo e sempre me surpreendo com a quantidade de babaquice publicada nesses portais. Não só impressionam com o enorme número de baboseiras que os editores querem que sejam notícias, mas também pela qualidade delas. 
Por exemplo, acho incrível que no mundo de hoje, onde as crianças podem ver pela internet cenas que nem os adultos viam nos cinemas pornôs há 30 ou 40 anos, existam tantas matérias que se preocupam com a calcinha que apareceu quando alguém se abaixou, o peito de uma apareceu no decote, e outras idiotices relacionadas à nudez. 
As olimpíadas de Londres deram ânimo aos pervertidos de plantão que se deliciam com fotos de atletas durante os treinos ou nas competições. São momentos retirados de uma sequência de movimentos e levados aos píncaros da fama, apontados que são como constrangedores. Sinceramente, acho constrangedor um portal de informação se preocupar com tamanha falta de estética e publicar tais matérias.
Mas parece que o público está sedento por essas coisas, daí as publicações.
Penso que se publicassem matérias bem articuladas e inteligentes haveria mais gente acessando esses portais. 
Mas talvez eu esteja errado. E haja vergonha para encarar tamanha ignorância pública.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Olhando bem...

                                                 Essa conseguiu superar todas...
 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Os donos da cidade


Crônica escrita e radiofonizada em junho de 2002

Imagine que você mora numa casa alugada. Nem deve ser muito difícil. Regularmente você paga aluguel ao dono. Ele é quem se beneficia do valor pecuniário que recebe, mas é você que se beneficia do morar. Entretanto morar não significa apenas ter uma porta para abrir ou fechar na hora de sair e entrar. Significa ter um lugar que precisa ser limpo, cuidado, pintado. Você precisa não sujar, fazer aquele melhoramento para que você possa viver melhor e ter uma boa qualidade de vida.
Imagine se você esperasse que o dono do imóvel onde você mora fosse varrer ou limpar a sua casa.  Acho até que não iria dar certo.
Nossa cidade funciona da mesma forma. Só com uma pequena diferença: nós somos os donos dela. A isso se chama de coletividade.
E cada um de seus moradores e donos têm para com a cidade deveres a serem cumpridos diariamente, a todo instante.
Você não é o responsável pela limpeza, alguém fará isso por você. Ótimo. Mas você é o responsável pela sujeira urbana? É você quem joga lixo nas ruas? É você quem não procura uma lata de lixo e joga na calçada aquele papelzinho que está na sua mão? É você quem entope de lixo uma sacolinha plástica e acha que o gari é  o responsável se a sacola rasgar e o lixo derramar-se todo pelo chão?
É você  que acha que a borracharia é a única responsável pelo pneu que você acaba de deixar ali? Escolha uma que garanta que o lixo que você está deixando lá não vai ser jogado num canal.
A sociedade é complexa e múltipla. Todos nós somos responsáveis por tudo que ocorre em nossa cidade.
Se você não se acha responsável pelas favelas que proliferam nos barrancos que caem a cada chuva, responda se você faz alguma coisa para pagar melhor aquela sua empregada ou empregado e ajudá-la a sair daquela moradia.
Responda se você votou no candidato que poderia fazer alguma coisa por aquelas pessoas, ou votou naquele que proporcionaria mais vantagens para você mesmo? Como você vê, o cobertor é um só. Se puxar muito para cá, vai faltar para cobrir noutro lugar.
Se você está coberto, tente arranjar mais espaço para os outros embaixo deste cobertor. Se você está descoberto junte-se com seus vizinhos e em vez de só abrir a boca para reclamar a falta de ação dos donos da cidade, lembre-se que vocês também são donos e que já é hora de colocar os braços para agir em consonância com as palavras.
A cidade, a sociedade, eu, você e todos os outros viveremos muito melhor.  

Alguém nos ajude, por favor!




A MP 568/2012 prejudica os trabalhadores dos Hospitais Universitários

A MP 568/2012 é a mais pura demonstração de que o governo não está disposto ao diálogo com os Servidores Públicos, com este instrumento, alterador de pauta do Congresso Nacional, impõe o sistema de rolo compressor dos aliados para funcionar, qual fez com a MP 520 (EBSERH), e pior quem achou que teve algum ganho, a MP acaba de arrochar ainda mais os já minguados salários dos Técnico Administrativos das IFES (PCCTAE) que recebem Insalubridade e Periculosidade, ou seja, em sua grande maioria os que trabalham na área de Saúde.
Se para alguns a esperança, a Medida Provisória 568/2012 significa aumento porque nela contem o texto integral do PL 2203 que concede reajuste de 4% na remuneração dos docentes do magistério superior e EBTT, retroativamente a 1º de março de 2012. Com outra sorte, a mesma MP arrocha salários, detona com a insalubridade e periculosidade, joga pesado contra os profissionais da Saúde, tais como: Enfermeiros, Médicos e Veterinários, impondo o congelamento dos valores acima da tabela do PCCTAE dos cálculos de insalubridade e periculosidade que se encontravam no sistema até o dia de antes da MP e pagamento da tabela vigente, 20 e 40 horas (rebaixamento com os mais velhos) aos novos médicos e veterinários a partir de agora. Um bom prêmio para aqueles que cuidam da Saúde Pública  ... esse é o governo dos que dizem defender os trabalhadores.
É a maldade suprema e tudo em nome de uma falsa ou mentirosa isonomia entre os trabalhadores, deixando de lado anos e anos de trabalho duro e acumulativo em seus organismos com agentes químicos, agentes físicos e agentes biológicos, isto sem falar da medíocre periculosidade (risco eminente de morte), quem vai arriscar a vida por R$ 180,00? Esse é o Brasil Carinhoso da Dil-má!
Em resumo, é isto que o governo federal esta propondo MP 568/2012 na Seção XXIV - Dos Adicionais de Insalubridade e de Periculosidade, Art. 86, quando afirmar que:
A Lei no 8.112, de 1990 passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, perigosos ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas, ou com risco de vida, fazem jus a um adicional, conforme os valores abaixo:
I - grau de exposição mínimo de insalubridade: R$ 100,00;
II - grau de exposição médio de insalubridade: R$ 180,00;
III - grau de exposição máximo de insalubridade: R$ 260,00; e
IV - periculosidade: R$ 180,00.
................................................................................” (NR)
Art. 87. Caso o disposto nesta seção acarrete redução do valor global da remuneração total de servidor ativo que, na data de entrada em vigor desta Lei, vinha recebendo adicional de insalubridade ou de periculosidade, a diferença será paga a título de vantagem pessoal nominalmente identificada de, conforme o caso, adicional de insalubridade ou de periculosidade, de natureza provisória, que será gradativamente absorvida por ocasião do desenvolvimento no cargo por progressão ou promoção ordinária ou extraordinária, da reorganização ou da reestruturação dos cargos ou das remunerações previstas nesta Lei, da concessão de reajuste ou vantagem de qualquer natureza, sem prejuízo da supressão imediata na hipótese do art. 68, § 2º, da Lei no 8.112, de 1990.
Mas, por amor ao debate, vejamos o exemplo do enfermeiro (a), entre tantos outros exemplos, ou seja:
- Um trabalhador enfermeiro (a) com 30 anos de casa e que esteja classificado por dentro do nosso plano de carreira (PCCTAE) como E 4 16, salário básico de R$ 5.650,00, recebendo 20% de insalubridade por trabalhar, por exemplo na Unidade de Infecção Hospitalar, então ele recebe R$ 1.130,00, de insalubridade e com a nova Lei do governo Dilma, este enfermeiro receberá R$ 260,00 + VPNI (fixa) de R$ 870,00 que ficará décadas sem ser reajustada, pois há anos não temos mais dissídio lineares, não é?
Agora, um exemplo pior, digamos que dois enfermeiros, um entrou 1 dia antes da promulgação MP 568/2012  e o outro no dia da publicação da MP 568/2012 que já tem efeito de lei, vejamos:
1 - O enfermeiro (a) que acabou de entrar no serviço publico um dia antes da publicação, estará classificado como E 1 1 (PCCTAE), recebe insalubridade máxima de 20% do salário básico que hoje é de R$ 2.989,33, portanto, 20% de insalubridade é R$ 597,87, com esta MP nefasta, ele passaria a ganhar R$ 260,00 + VPNI de R$ 337,33 (fixo) de insalubridade e aquele outro azarado que entrou no dia seguinte da publicação da MP, receberá apenas R$ 260,00.
Enfim, o governo federal ao invés de ofertar ambientes salubres e não perigosos, prefere diminuir os valores dos referidos adicionais, portanto, mais uma vez, como antes foi na previdência publica, na privatização dos Hospitais Universitários (EBSERH), o governo demonstra cabalmente, toda a sua total falta de compromisso com o trabalhador público deste país. Em resumo, os trabalhadores futuros receberam uma merreca por se expor ao trabalho insalubre e periculoso. Nós do MovimentAção por um sindicato combativo vamos levar esta luta até o fim contra estes e outros pontos da MP 568/2012.
Assim, quando você estiver lendo a matéria do G1 e outras agências de Notícias que diz que o governo editou Medida Provisória que aumenta os salários dos Servidores Federais, entenda muito bem, de que lado está a grande mídia. Quando esta mesma matéria afirma que aumentou os valores da gratificação de insalubridade e periculosidade, já está ciente de qual safadeza ou sacanagem que o carinho da Dilma faz quando se trata de Servidor Público e principalmente das Universidades.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Quadrilhas de São João - Crônica escrita em junho de 2002


Há exatos dez anos escrevi essa crônica que era lida em um programa da Rádio Universitária AM.

Quadrilhas de São João

          O dia de São João, a 24 de junho, é o auge dos festejos juninos, expressão máxima das manifestações folclóricas e populares do Nordeste. A reverência religiosa foi sem dúvida o grande motivo para a origem dos festejos, porém essa tradição enfraqueceu-se com o passar dos tempos. O capitalismo se encarregou de dar novas cores, novos formatos, e o que é pior novos objetivos às festas juninas.
               Se antes o consumo de milho e seus derivados eram comuns por ser esta a época da colheita, hoje o consumo é orientado pelas peças publicitárias. Se o milho for a moda , coma-se milho, se for outra coisa... Será assim.
              Se antes se dançava quadrilha por pura diversão e socialização de seus integrantes, com trajes rotos ou com remendos costurados por cima da roupa, com um trio pé de serra tocando, hoje o que se vê são as produções teatrais, coreografadas, luxuosas, quase cinematográficas com som mecânico, estéreo, e arranjos eletrônicos, alguns feitos especialmente para a apresentação do grupo que visa o título de quadrilha mais original , mais luxuosa, mais bonita, mais isso, mais aquilo e um prêmio em dinheiro.
               Se antes juntavam-se os amigos para formar a quadrilha e se ensaiava durante duas ou três semanas antes do São João, hoje se marcam ensaios e formação das quadrilhas com meses de antecedência e se contratam profissionais para cuidar do figurino, dos ensaios, do som, etc.
                  É comum ver, já em setembro do ano anterior, as quadrilhas começarem a se preparar para o São João do ano seguinte.
                Se antes os erros eram motivos de alegria e davam o tempero da brincadeira, com integrantes chegando de última hora e aumentando a quadrilha, hoje o erro é motivo de punição e até de expulsão do grupo.
              Os colégios, que antes estimulavam essas manifestações, hoje deixam a iniciativa aos próprios alunos. Se eles quiserem que se responsabilizem pela organização. Os professores só trabalham a quadrilha com os pequeninos da primeira a quarta série. Será isso suficiente para que as tradições permaneçam? Não, não é e podemos observar isso. 
               Alguma coisa está errada, e nada está sendo feito para evitar a deturpação dessa manifestação. Parece inclusive que os governantes que cuidam da cultura primam por comercializar o evento em forma de grande produção, de espetáculo para turista vir, ver e deixar um bocado de dinheiro, que aliás parece ser a única coisa que interessa.
               Se tudo der certo então, breve será construído um quadrilhódromo para o desfile das agremiações. O problema vai ser definir aonde será construído esse monumento ao fim das nossas tradicionais quadrilhas de rua. Na briga estão Caruaru e Campina Grande que disputam o título de cidade com o melhor, o maior e mais outras qualificações do São João do Nordeste, do Brasil e do mundo.


Carlos Dantas

sábado, 11 de fevereiro de 2012

No Bloco Perfumado do Cabanga

Neste ano, o Bloco Perfumado do Cabanga resolveu me fazer uma homenagem no seu carnaval, e isso, claro, me deixou bastante envaidecido e emocionado. Agradeço o carinho dispensado pela diretoria, na pessoa de Venilza Matias, e por todas as integrantes do bloco. Aproveito para parabenizar pelo munguzá, que estava uma delícia. Aproveite e ouça a música Amo você, Cabanga, Hino do Bloco no vídeo abaixo.


 

Amo você, Cabanga
Venilza Matias / Carlos Dantas

CABANGA, CABANGA

Esse bairro é pequeno
Mas é do meu coração
Não tem segurança, nem tem atração
Mas no carnaval
É uma explosão
Com o Bloco Perfumado
Que faz um arrastão

Cabanga, Cabanga, eu amo você
Com suas falhas e limitações
Pois o Bloco Perfumado
Faz esquecer as desilusões

Nós, carnavalescos
Desfilamos alegremente
Mesmo que não seja pra ninguém
Mostramos a toda gente
Que o nosso carnaval
É diferente









sábado, 28 de janeiro de 2012

Lógico!


A obra apresenta as duas principais vertentes da Lógica Formal, o Cálculo de Predicados (Aristóteles) e o Cálculo Sentencial (Boole, Frege), aplicados à intelecção e ao exercício retórico, mediante uma técnica inovadora, progressivamente introduzida a través de numerosos exercícios. Material suplementar poderá ser consultado na Web.

Eis o sumário:

- Introdução e orientações 
- Símbolos e abreviaturas 
- Capítulo I - SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
- Capítulo II - TEORIA DO CONHECIMENTO DE ARISTÓTELES 
- Capítulo III - LÓGICA MATERIAL: CÁLCULO SENTENCIAL 
- Capítulo IV - TÓPICOS TEXTUAIS 
- Capítulo V - CONCEITO 
- Capítulo VI - LÓGICA FORMAL 
- Capítulo VII - JUÍZO - PRIMEIRA PARTE 
- Capítulo VIII - JUÍZO - SEGUNDA PARTE 
- Capítulo IX - RACIOCÍNIO: PRIMEIRA FIGURA SILOGÍSTICA. 
- Capítulo X - RACIOCÍNIO: REGRAS
- Capítulo XI - RACIOCÍNIO: SEGUNDA, TERCEIRA E QUARTA FIGURAS 
- Capítulo XII - RACIOCÍNIO: SILOGISMOS ATENUADOS 
- Capítulo XIII - RACIOCÍNIO: REDUÇÕES S ILOGÍSTICAS E OUTROS CÁLCULOS 
- Capítulo XIV - TABELAS SEMÂNTICAS PARA CÁLCULO SENTENCIAL E DE PREDICADOS 
- Capítulo XV - FALÁCIAS E SOFISMAS 
- Anexo: Regras de inferência e equivalências para cálculo sentencial 
- Conclusão 
- Glossário e Índice de Matérias 
- Bibliografia

Se tiver interesse em adquiri-lo, custa 38,00 reais e já está disponível nas principais livrarias.
Para obter mais informações sobre o conteúdo, ou se quiser comprá-lo diretamente, acesse http://www.grupogen.com.br e clique em E.P.U.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Andando pra trás


Todo bom pernambucano sabe por que caçuá de caranguejo em Pernambuco não precisa de tampa: para cada um que vai subindo pra sair, tem sempre outro que o puxa pra dentro.
          Um bom exemplo do sinistro modus operandi dessa terra mauricéia é a política cultural assumida pelos nossos governantes.
          O carnaval de Pernambuco ganhou fama no Brasil por causa da diversidade de expressões típicas da época. Em cada cidade, cada bairro, cada clube, os foliões se agregam e botam pra fora suas mais incríveis manifestações de alegria.
          Aproveitando essa hiper-profusão de ritmos, danças, fantasias e tudo o mais que possa caracterizar o carnaval pernambucano, o Governo vende essa imagem do Estado como se aqui o turista fosse se divertir à beça com tanta coisa diferente pra se ver. Não chega a ser mentira, mas...
Sempre aparece um mas!
          Na hora de montar o carnaval para os pernambucanos – recifenses, em especial – há uma profusão, sim, mas de artistas e manifestações alienígenas, não só ao Estado, mas como estranhas ao carnaval.
          Artistas de nome “nacional” são contratados a peso de ouro para fazerem as festas carnavalescas dos pernambucanos. Esse ano teremos Ney Matogrosso, Seu Jorge, Beth Carvalho e Lulu Santos.
          Pra vender o Estado, o Governo passa a imagem da diversidade pernambucana, mas quem vier para ver o carnaval aqui vai encontrar esses artistas que não tem nada a ver com os frevos, maracatus, caboclinhos, ursas, troças e tudo o mais do nosso carnaval, e que, com certeza eles conhecem bem mais que nós.
          Se pararmos pra analisar bem, acaba sendo uma propaganda enganosa, afinal, qual o turista que vai sair do “sul maravilha” com o intuito de assistir um show de Lulu Santos ou Ney Matogrosso em pleno carnaval do Recife?
          Cadê as orquestras de frevo? Cadê os maracatus? Cadê os blocos líricos? Essas “atrações” não servem para fazerem apresentações nos palcos? Não é isso que o turista quer ver? Não é por causa disso que eles vêm gastar seu dinheiro aqui?
          Mas a culpa não está somente nos gabinetes dos burocratas governamentais. Ela também se encontra nos escritórios dos produtores chinfrins que só se interessam  em fechar contratos com as cervejarias e as cachaçarias multinacionais que lhes dão dinheiro em troca de “atrações nacionais”, geralmente indicadas por elas mesmas. 
          As “Virgens de Olinda” apresentam em destaque suas atrações: Grupo Molejo, É o Tchan, Calypso, Netinho (o baiano), Aviões do Forró e Garota Safada. Sem eles não haveria condições de contratar o pessoal da terra como Nono Germano, Alceu Valença, Almir Rouche, Gustavo Travassos e outros. Outros vão trazer Asa de Águia, Claudia Leite, Ivete Sangalo...
          Dessa forma as fábricas de bebidas decidem quem vêm, o que tocam, e o que é pior: o que você bebe, pois para fazer o patrocínio, eles exigem exclusividade de venda nas ruas, e os pobres vendedores se vêem impedidos de vender produtos da concorrência.
          Por um punhado de dólares nossa cultura vai pro bagaço.
          E o que começou com uma diversidade cultural, transformou-se num carnaval esquizofrênico, cheio de guetos, onde quem gosta de hip-hop, de rock, trash ou heavy metal, ou emo tem o seu palco montado para que essas pessoas não ouçam os acordes das músicas de carnaval.
Mas... não é carnaval?