Como toda boa festa popular, o carnaval tem suas características próprias de acordo com o local onde está sendo realizado. Seja por interesses econômicos, sociais, particulares, estéticos ou artísticos, as manifestações são as mais distintas possíveis e, se isso, dá um cunho de riqueza à festa, dá também, por outro lado, possibilidade de desvirtuamento ao extremo do comportamento das pessoas e, por que não dizer, das sociedades como um todo.
Nas redes sociais, nessa época, pululam posts a favor e contra a nudez explorada ao máximo nos carnavais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Lá a mulherada só aparece na mídia se estiver nua. Coisas do carnaval...
Será que é do carnaval, ou a mídia é que prefere fazer notícia desses acontecimentos? O carnaval pernambucano segue a tradição dos antigos carnavais que primavam pelo uso da fantasia. Ainda há os concursos de fantasia, mas para a mídia, lantejoulas, lamês, plumas e paetês não são mais atrativos. Mas em Pernambuco o carnaval - de rua e de graça, diga-se de passagem - continua com amostramento de fantasia. Folião que se preze não repete fantasia de um dia pro outro, e os blocos primam por exibir seus melhores figurinos, cores e criatividade a cada ano.
Se em Pernambuco a preferência é por mostrar o que se pode fazer "por fora", buscando uma igualdade visual com os outros figurantes, no caso de um bloco de carnaval, nos carnavais-bacanais do Sudeste, a exibição é para mostrar o "por dentro", ou seja, quantos mililitros de silicone aquela desfilante conseguiu colocar nos seios, ou quantos aquela outra conseguiu colocar nas nádegas. A mídia, como matilha de lobos famintos, baba ao ver uma dobrinha siliconada de qualquer pretensa celebridade que desfila com um fiapo qualquer que foi colado ao corpo.
A sociedade de cirurgia plástica, as fábricas de silicone, e os hospitais deveriam ser os principais patrocinadores desses desfiles, afinal são eles os maiores envolvidos e interessados, mesmo que uma bunda fique invertida por não aguentar tanta sacolejada, ou que um peito fique mais parecido com uma lata que com uma mama. Mas são detalhes, apenas.
Como sugestão para os próximos carnavais, as desfilantes poderiam iluminar suas "fantasias" com piscas ou neon. Aí poderão falar com propriedade o famoso bordão: "aquela está com os faróis acesos!"