sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Religião e outras bobagens


Escrevo essa mensagem para ti, e espero que ela te dê um pouco de conforto, apesar de poder aumentar sua perturbação.

Sou um tanto diferente (ou igual a tantos diferentes que existem por aí) e não me preocupo com o que os outros vão pensar e dizer de mim. Busco para mim, e ofereço para os outros a oportunidade de realizar momentos de alegria por viver a vida que se pode viver, sem ficar restrito a normas, dogmas, proibições e bons-sensos. Isso tudo vale para organizar a sociedade, mas servem (também) para desorganizar a vida de uma pessoa. Por isso sou adepto da filosofia: "quer? faça!" Não é que eu faça tudo o que eu quero, pois muito desse fazer depende da sociedade, mas não busco limites para mim. Eles já existem, e muitos. Busco rompê-los e alcançar a felicidade, mesmo que seja fugaz e etérea.

Almoçar com alguém é um desses momentos. Socialmente permitido: E na hora do almoço, ninguém está "matando" trabalho, almoça-se educadamente, paga-se antes de sair e respeita-se outros códigos da boa civilidade.

É bom? - Muito!

Mas isso tudo não faz parte da vida individual de cada um de nós. Isso faz parte da vida social. Apresentam-se amigos; explica-se aqui; se despede ali... Cadê o sentimento de vida? Aquilo o que tem dentro de cada um de nós? Frustrações, alegrias, realizações, raivas, esperanças... Tudo o que a gente vive quando está sozinho, deitado, antes de dormir. Quem mostrou? Ninguém!

Não sou "panacéia universal" que serve para qualquer mal físico, mental, espiritual ou social para os outros, nem sei quem seja esse remédio para mim. Duvido até que exista quem possa fazer isso, mas creio que cada um de nós mesmos, na medida certa, pode ser o remédio para sua própria salvação, ou amortização dos prejuízos, se se permitir realizar os desejos mais simples.

Quantas vezes queremos (ou pensamos em querer) ir ao cinema, tomar um sorvete, passear, ficar na cama até mais tarde, extravasar uma raiva... e deixamos para um outro momento em nome da responsabilidade, da sociabilidade, da culpabilidade, da fidelidade, da seriedade, da religiosidade. da confiabilidade, da idade e de mais qualquer outra desculpa idiota?

Claro que tenho meus momentos de vergonha, pudor, medo, insegurança como todo mundo. Não me permito fazer certas coisas com umas pessoas, nem dizer certas palavras a outras... E o meu mundo vai ficando cada vez mais fechado para mim mesmo. Vivo na tentativa de facilitar a vida de quem está perto de mim, e nem mesmo sei o que essas pessoas pensam e querem da vida. Ajudo-as dentro do que eu acho que elas precisam. Mas, será que elas precisam mesmo e mim, ou da minha ajuda? Ou serei eu que preciso delas?

Às vezes encontramos alguém com quem nos sentimos mais à vontade para expor nossos pensamentos e sentimentos. E isso, geralmente, dá problemas nas relações, porque acabamos nos envolvendo demais num erro de percepção, que cometemos quando o outro nos ouve e se abre para nós também. Isso é amor? Não! É necessidade de ser ouvido com atenção e apoiado no que temos de mais louco dentro de nós: os sonhos e os desejos. Por que só dizem para nós não realizarmos o que desejamos? Por que ninguém nos apóia nas nossas loucuras? Só sabem dizer para não fazermos isso porque é pecado; não fazermos aquilo porque é feio; não fazermos outra coisa que queremos porque alguém vai pensar mal de nós; uma outra, nos impedimos de fazer porque vai magoar não sei quem... e por causa da alegria de "todo mundo" acabamos perdendo a nossa, ou deixando de vivê-la. Nos ensinam a ser felizes com o que conseguirmos de migalhas dos outros. Se lutamos e vencemos é para o bem de terceiros, em prol da humanidade. Se perdemos, a derrota é só nossa.

A mente e o corpo são instâncias individuais que se relacionam com as outras pessoas fazendo assim a sociedade, mas é para essas instâncias que vivemos: Elas justas fazem o que somos: o "EU". E esse "eu" precisa de satisfações e alegrias. Prazeres e felicidades. Realizações de desejos. Só EU posso realizar os desejos do meu "EU". Só eu posso permitir que os outros o firam, o humilhem e o maltratem.

Se almoçar contigo der prazer. Ponto positivo para nós. Se queremos manter só esse contato, formal, social e educado. Ponto para nós. Se queremos, além disso, ter oportunidade de realizar desejos que podem ter surgido (ou ressurgido) pouco importa quando, onde e porque; ponto para nós. Nossas vidas só dependem de nós mesmos para serem vividas. Em momentos; na totalidade; juntos; separados; aos poucos ou aos montes.

E mais importante que tudo isso de estar junto ou não, é saber que é possível viver assim em todos os momentos da vida, com todas as pessoas. Um dia, se fosse possível isso acontecer, as pessoas seriam felizes de verdade.

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