Analisando bem nossa sociedade, podemos perceber que existem, pelo menos, dois grandes grupos de pessoas: os que têm dinheiro para gastar, e os que não têm.
O uso da possibilidade de converter em bens essa dinheirama toda é a base de uma neurose econômica que permeia nossa sede de consumo.
Quem não tem dinheiro para gastar fica angustiado em não ter aquilo que acha necessário.
Quem tem dinheiro para gastar fica angustiado por ter aquilo que é supérfluo. Mas o interessante é que essa angústia não é, necessariamente sentida ou vivida como negativa. Ela pode ser considerada como a felicidade na hora em que é vivida.
Há pobres (economicamente falando) que desprezam os valores consumistas e mercantilistas que estruturam nossa sociedade. Eles escondem a angústia do não ter sentindo-se felizes, ou resignados por viverem à margem do consumismo. Outros pobres amaldiçoam a tudo e a todos por serem incapazes de consumirem.
Há ricos que retém tudo o que podem com medo de um dia perderem o poder de consumir. Eles escondem a angústia do ter sentindo-se felizes em saber que podem.
Há ricos que gastam em tudo que podem para, somente desta forma, poderem sentir-se felizes. Consumindo.
Na verdade todas as pessoas que fazem parte desses grupos são portadores de distúrbios psicológicos causados pela sanha mercantilista e consumista que permeia nossas vidas.
São neuróticos prontos a matar e a morrer por uma sensação de felicidade efêmera originada nessa relação com o vil metal, que hoje é cada vez mais feito de plástico.
Não há religião ou terapia que alivie ou resolva tais questões, afinal de contas essas opções contam com o uso do dinheiro para serem realizadas.
Repensar nossos vínculos emocionais com a sociedade e com suas pressões por dinheiro é um caminho a ser seguido por quem quer um pouco de paz no espírito.
Paz que não se encontra à venda em lugar algum.
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