Ser gay em nossa sociedade é quase uma obrigação para ser socialmente aceito. E curtir violência também faz parte inerente de nosso dia-a-dia. Mas não falo daquela violência das "facções criminosas", do crime organizado ou da polícia. Falo da violência de nossas mentes. Mentes e corações que se satisfazem com jornalismo de qualidade duvidosa, jogos de computadores nos quais o participante tem que roubar e matar tantos quantos apareçam à sua frente, pouco importando se são zumbis ou inocentes transeuntes.
Falo da violência de lutas-vale-tudo transmitidas pela televisão como forma de garantir uma descarga catártica por parte dos telespectadores. Homens lutando num ringue, se arrebentando um ao outro, tirando sangue para o júbilo pervertido dos cidadãos que precisam assistir tais programas para se sentirem realizados, pois em suas pacatas e medíocres vidas não conseguem dar vazão à agressividade.
E nesse momento há um componente igualmente perverso, mas de cunho sexualizado: o prazer erótico em ver aqueles atletas no ringue. Essas lutas devem excitar as mulheres que procuram ver nesses homens aqueles combatentes que tudo fariam para tê-las nos braços. Devem também mexer com o imaginário dos telespectadores masculinos, excitando os núcleos homossexuais deles, afinal eles têm prazer em ver aqueles corpos musculosos e suados que se agarram e se esmurram.
Não creio que seja coincidência que esses dois momentos tão importantes no comportamento das pessoas estejam acontecendo ao mesmo tempo e com tanta veemência.
Já que é para viver a sexualidade, e ela pode ser tanto hetero, quanto homo; e a violência também pode ser expressada para dar uma válvula de escape aos neuróticos modos de viver que inventamos para nós mesmos, por que não unir, logo, as duas facetas? O útil ao agradável?
Danado vai ser quando os lutadores, em vez de fazerem careta um pro outro, trocarem beijinhos...