domingo, 17 de agosto de 2008

Formas e conteúdos


Vivemos na pós-modernidade, na modernidade, e na idade média, conforme o caso, a região e a pessoa que estiver ao nosso lado. E uma das característica mais marcantes dessa época é total falta de conteúdo nos objetivos buscados por nós. Se estamos numa aula, queremos a nota para passar, pouco importa se sabemos ou não a matéria. Se ouvimos música, queremos que ela seja rítmica o suficiente para nos fazer balançar, e tonitruante o suficiente para não ouvirmos o que diz nosso pensamento (se é que chegamos a pensar), e não nos importa se existe melodia, ou mensagem na letra cantada (que em geral nos chama de cornos ou de putas). Se vamos eleger alguém a algum cargo público, pouco importa se ele é bom ou mau administrador da coisa pública (o que vai nos afetar), se ele é ladrão ou não, se é ético ou não, importando apenas que a gente já ouviu falar muito nele, mesmo que tenha sido que estava numa tal de CPI que eu não sei pra que serve nem por que ele foi envolvido. Não damos nosso voto para desconhecidos. O grande exemplo do momento é a Olimpíada realizada na China e que está deslumbrando os jornalistas enviados para a cobertura. Como eles são tolos e têm pouca massa cinzenta (igual a nós), fazem suas reportagens enaltecendo as construções feitas para os jogos. Construções projetadas por arquitetos suíços, franceses, americanos, japoneses, alemães e por todo resto do mundo e pagas por nosso dinheiro, recolhido quando compramos qualquer coisa "made in China" sem as quais não poderíamos viver, como um relógio que late na hora certa, um papai-noel que dá cambalhotas, ou uma lâmpada de 1000 horas de vida que morre antes da hora 200. Esses jornalistas esquecem que em cada estádio maravilhoso-deslumbrante-supreendente-obra da engenharia humana estão atletas disputando alguma competição desportiva. Para eles pouco importa quem são os anônimos competidores dos quais nunca ouvimos falar, e nem ouviremos. Eles devem falar - e nós devemos ouvir com certa inveja - é que eles estão vendo in loco aquelas maravilhas construídas com um único objetivo: mostrar o que a China não é. Truques da pós-modernidade. Maquiagem. Mas assim como a maquiagem é importante para nós nesses dia pós-modernos pré-apocalípticos ficamos também satisfeitos com isso. Pra que pensar se a gente pode simplesmente ficar somente vendo?

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