domingo, 25 de outubro de 2009

Calamidade no Arquivo Estadual de Pernambuco


Essas imagens não representam o Arquivo Público Jordão Emerenciano. São apenas ilustrativas.

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Calamidade no Arquivo Estadual de Pernambuco

Alcileide Cabral

Profa. da Universidade Federal Rural de Pernambuco

Doutora em História

Um Arquivo onde se preserva a memória histórica de um estado e de um povo é um “tesouro” que deveria ser objeto de todos os cuidados de guarda, conservação e de acesso fácil, rápido, eficiente e seguro para os documentos que serão manuseados. Grande foi minha decepção ao visitar o Arquivo em 22 de setembro com minha equipe de pesquisa, alunas da graduação em História da Universidade Federal Rural de Pernambuco que iniciam suas a investigações científicas sob minha coordenação.

A sede do Arquivo Jordão Emerenciano, que fica na Rua do Imperador, encontra-se em situação de calamidade pública. Há anos frequento o Arquivo como historiadora que gosta de ver, sentir, manusear as fontes de pesquisa e se emocionar com um novo achado. Qual não foi a minha triste surpresa, ao voltar a este “santuário de pesquisa”... Ao pedir para acenderem a lâmpada que estava sobre a mesa em que trabalhava, fui informada pela funcionária que nos atendia que, das seis luminárias existentes na sala, apenas uma não estava queimada. Tivemos que deslocar a pesada mesa de madeira, colocando-a próxima à janela, para que pudéssemos ler o documento. Tive sede e perguntei se havia água. A senhora, um tanto constrangida, me informou que nem água e nem café estavam disponíveis aos usuários. Eu até entendo que uma Instituição como o Arquivo não possa custear esses “mimos” para todos. Bem, depois de passar mais de duas horas manuseando os documentos (e havia me esquecido de levar luvas, como se deve fazer), queria lavar as mãos. Então, a mesma funcionária me disse que não havia água corrente no banheiro! O que é isso? Onde estamos?

Pergunto ao Governador Eduardo Campos, de reconhecida sensibilidade com as causas culturais e científicas: por que o nosso Arquivo está nessa lamentável e vergonhosa situação? Como um Estado, com o porte e a importância de Pernambuco, não valoriza suas memórias histórica, patrimonial e cultural? Como podemos assistir passivos à perda desse acervo carcomido pela poeira, fungos, insetos e pela ação corrosiva dos agentes naturais por falta de investimentos? Como uma Instituição dessa magnitude pode funcionar com uma pequena equipe, sem informatização, sem equipamentos modernos de guarda e cuidados do acervo? Como um edifício com tantos problemas estruturais continua a ser utilizado para guarda desse inestimável acervo?

Todas as estatísticas apontam para o crescimento econômico de nosso Estado. Quando sentiremos o alcance desse vigor aspergir no Arquivo Público Estadual e nos colocar ao lado dos que sabem quanto vale a história e a memória de um povo?

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