Que a língua de um povo é ativa e está sempre em mudança, ninguém discorda, mas junto com ela mudam valores e comportamentos.
Atualmente as torcidas de futebol vêm considerando os jogadores de seus times como ferramentas de conquista de seus prazeres, e os denominam de guerreiros.
Tudo bem que é uma metáfora - pelo menos deveria ser - mas o inconsciente não distingue o real do imaginário. Às vezes, nem o consciente consegue fazer a distinção.
E de repente os torcedores se veem num Circo Romano gritando aos gladiadores por mais energia, força e sangue.
"- Deem o sangue, guerreiros!"
Metaforicamente falando, claro. Ou não?
Em uma época em que a violência está em cada esquina, e que alguns jogos só podem ser realizados com uma só torcida no estádio, creio que o inconsciente coletivo dessas pessoas está sendo invadido pelos mais bárbaros sentimentos escondidos em algum lugar e que vêm à tona com essa necessidade de vitória para eliciar um prazer. E com a incapacidade de assistir um evento esportivo.
E que prazer é esse? É pela vitória, em si? Não. É por ter causado a derrota do adversário. Que agora nem é mais adversário, é inimigo, mesmo.
O Barão de Coubertin podia até estar exagerando quando disse que o importante é competir, mas há muito deixamos de apreciar um jogo de futebol pelo esporte. O que importa, hoje, é a derrota de alguém. De preferência a do outro time.
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