terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Não me lembro bem...


De repente não existe quando se trata de viver. As horas passam, viram dias, que viram meses, que viram anos, que nos deixam mais velhos. [Acho isso de "mais velhos" uma redundância, afinal de contas ninguém fica mais jovem...]
Aí, de repente, a gente acha que "de repente" envelheceu. É como se vivêssemos anestesiados e nos damos conta que a vida passou e não temos mais 9 anos; nem mais 19, nem mais 29... E vida afora somos assim.
Entre tristezas, alegrias e sentimentos nem tão nobres, nem tão extremos a gente começa a contabilizar as experiências e percebe que já são tantas que elas perdem o valor intrínseco, e nem como lembrança têm mais validade. Vivemos sim, lembramos sim, mas, e daí? Não quero dizer que nossas experiências e nossas lembranças não têm valor, mas dizendo que elas perdem a cor depois de tanto uso.
Marcamos nossas vidas com episódios que consideramos diferentes. Um nascimento, um encontro, uns dias de férias, um acidente, uma doença, ou qualquer outra efeméride que faça nosso calendário ser diferente, como se viver dias iguais não valesse a pena. Vivemos atrás de diferenças para acharmos que valeu a pena ter vivido.
Será que não vale a pena mesmo ter dias vividos sem que eles sejam transformados em efemérides? Se eles não forem marcados como iremos nos lembrar de tê-los vividos? E depois dessas perguntas, vem uma outra crucial: para que lembramos dos dias vividos? O que será que aconteceu comigo no dia 14 de junho de 2007? Ou no dia 23 de novembro de 2001? Ou mesmo no dia 10 de janeiro de 2010? Será que vou me lembrar do dia de hoje daqui há alguns anos?
Respostas? Não tenho ideia, mas que diferença isso faz?
Continuo vivo e levando adiante minha existência cheia de dias em que não acontece nada de extraordinário, entremeados com outros que me são lembrados até hoje, e serão no futuro.
Quem sabe, seria melhor que conseguíssemos esquecer nossas efemérides pessoais. Certamente nossas vidas seriam menos atribuladas e angustiantes, afinal vivemos andando pra frente, mas sempre olhando para trás.
Um brinde ao esquecimento.

  

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