sábado, 14 de junho de 2008

Crônicas

Mais uma crônica escrita nos meus tempos de rádio. Essa foi de junho de 2002
Guarda-chuvas
O inverno está chegando e com ele as chuvas e os guarda-chuvas. Objeto de extrema necessidade para a proteção dos corpos, das bolsas e documentos da água que desce das nuvens, o guarda-chuva é peça indispensável nesses dias molhados.
Incrível que com o passar do tempo e com as tecnologias se desenvolvendo com enorme velocidade, os guarda-chuvas e sombrinhas parecem ter parado no tempo ou o que é pior, retrocedido. Antigamente os guarda-chuvas eram pretos. Sisudos e simples. Únicos. E funcionavam. Hoje há os de todas as cores e tamanhos e são dobráveis. Dobram-se com facilidade ao primeiro vento mais forte que der. São pequenos e cômodos cabem em qualquer bolsa. Você precisando usá-lo é só tirar da bolsa, e pronto, num instante ele estará todo aberto protegendo. Aí, vem um vento e dobra-o de novo, só que desta vez pelo avesso, e você fica no meio da rua, da chuva, e da fazenda, fazendo papel de idiota.
Há hoje os grandes guarda-chuvas. Sabe aqueles barracões? Todos que os vêem, acham um tanto ridículo. "É uma barraca", diz um, "armou o circo, vai começar o espetáculo", diz outro. Mas pelo menos eles não se deixam levar com o vento e protegem bem contra a chuva pelo seu tamanho. O inconveniente é que são tão grandes que não cabem em bolsa nenhuma e são incômodos para carregar.
Mas, apesar de útil, o uso deste objeto é que se torna perigoso nos dias de chuva. Muitas pessoas acham que tem em mãos um escudo e não um guarda chuva. Sabe aqueles escudos usados pelos cavaleiros medievais para se defenderem de espadas, flechas ou outros ataques? Pois é. Depois de aberto os atuais escudos não defendem, só atacam. Cheios de pontas, esses escudos guarda-chuvas são usados bem próximos às cabeças e ai de quem passar por perto sem ter cuidado. Parece que quem usa um desses objetos pensa que está sozinho nas ruas. E que as ruas tem espaço suficiente para todo mundo transitar, mesmo com todo mundo se espremendo para fugir da chuva. As pessoas tem medo da chuva como se elas fossem feitas de açúcar. Vão se derreter? E nos pontos de ônibus? Com aquela tela enorme aberta, só mesmo super-homem com sua visão de raios x poderia saber se está vindo algum ônibus. Mas o que é mais curioso é que nunca - e isso você pode perceber - nunca quem está com o guarda-chuva aberto fica no fim do ponto de onibus. Eles estão sempre no início, ou seja na frente de todo mundo que está no ponto. Se você tem uma dessas armas que protegem (ou tentam proteger das chuvas) aprenda a usá-las com cuidado, afinal de contas a chuva só faz molhar. O guarda chuva pode ferir.

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