Essa conseguiu superar todas...
quinta-feira, 28 de junho de 2012
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Os donos da cidade
Crônica escrita e radiofonizada em junho de 2002
Imagine que você mora numa casa
alugada. Nem deve ser muito difícil. Regularmente você paga aluguel ao
dono. Ele é quem se beneficia do valor
pecuniário que recebe, mas é você que se beneficia do morar. Entretanto morar
não significa apenas ter uma porta para abrir ou fechar na hora de sair e
entrar. Significa ter um lugar que precisa ser limpo, cuidado, pintado. Você
precisa não sujar, fazer aquele melhoramento para que você possa viver melhor e
ter uma boa qualidade de vida.
Imagine se você esperasse que o
dono do imóvel onde você mora fosse varrer ou limpar a sua casa. Acho até que não iria dar certo.
Nossa cidade funciona da mesma
forma. Só com uma pequena diferença: nós somos os donos dela. A isso se chama
de coletividade.
E cada um de seus moradores e
donos têm para com a cidade deveres a serem cumpridos diariamente, a todo
instante.
Você não é o responsável pela
limpeza, alguém fará isso por você. Ótimo. Mas você é o responsável pela
sujeira urbana? É você quem joga lixo nas ruas? É você quem não procura uma
lata de lixo e joga na calçada aquele papelzinho que está na sua mão? É você
quem entope de lixo uma sacolinha plástica e acha que o gari é o responsável se a sacola rasgar e o lixo
derramar-se todo pelo chão?
É você que acha que a borracharia é a única
responsável pelo pneu que você acaba de deixar ali? Escolha uma que garanta que
o lixo que você está deixando lá não vai ser jogado num canal.
A sociedade é complexa e
múltipla. Todos nós somos responsáveis por tudo que ocorre em nossa cidade.
Se você não se acha responsável
pelas favelas que proliferam nos barrancos que caem a cada chuva, responda se
você faz alguma coisa para pagar melhor aquela sua empregada ou empregado e
ajudá-la a sair daquela moradia.
Responda se você votou no
candidato que poderia fazer alguma coisa por aquelas pessoas, ou votou naquele
que proporcionaria mais vantagens para você mesmo? Como você vê, o cobertor é
um só. Se puxar muito para cá, vai faltar para cobrir noutro lugar.
Se você está coberto, tente
arranjar mais espaço para os outros embaixo deste cobertor. Se você está
descoberto junte-se com seus vizinhos e em vez de só abrir a boca para reclamar
a falta de ação dos donos da cidade, lembre-se que vocês também são donos e que
já é hora de colocar os braços para agir em consonância com as palavras.
A cidade, a sociedade, eu, você e
todos os outros viveremos muito melhor.
Alguém nos ajude, por favor!
A MP 568/2012 prejudica os trabalhadores dos Hospitais Universitários
A MP 568/2012 é a mais pura demonstração de que o governo não está disposto ao diálogo com os Servidores Públicos, com este instrumento, alterador de pauta do Congresso Nacional, impõe o sistema de rolo compressor dos aliados para funcionar, qual fez com a MP 520 (EBSERH), e pior quem achou que teve algum ganho, a MP acaba de arrochar ainda mais os já minguados salários dos Técnico Administrativos das IFES (PCCTAE) que recebem Insalubridade e Periculosidade, ou seja, em sua grande maioria os que trabalham na área de Saúde.
Se para alguns a esperança, a Medida Provisória 568/2012 significa aumento porque nela contem o texto integral do PL 2203 que concede reajuste de 4% na remuneração dos docentes do magistério superior e EBTT, retroativamente a 1º de março de 2012. Com outra sorte, a mesma MP arrocha salários, detona com a insalubridade e periculosidade, joga pesado contra os profissionais da Saúde, tais como: Enfermeiros, Médicos e Veterinários, impondo o congelamento dos valores acima da tabela do PCCTAE dos cálculos de insalubridade e periculosidade que se encontravam no sistema até o dia de antes da MP e pagamento da tabela vigente, 20 e 40 horas (rebaixamento com os mais velhos) aos novos médicos e veterinários a partir de agora. Um bom prêmio para aqueles que cuidam da Saúde Pública ... esse é o governo dos que dizem defender os trabalhadores.
É a maldade suprema e tudo em nome de uma falsa ou mentirosa isonomia entre os trabalhadores, deixando de lado anos e anos de trabalho duro e acumulativo em seus organismos com agentes químicos, agentes físicos e agentes biológicos, isto sem falar da medíocre periculosidade (risco eminente de morte), quem vai arriscar a vida por R$ 180,00? Esse é o Brasil Carinhoso da Dil-má!
Em resumo, é isto que o governo federal esta propondo MP 568/2012 na Seção XXIV - Dos Adicionais de Insalubridade e de Periculosidade, Art. 86, quando afirmar que:
A Lei no 8.112, de 1990 passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, perigosos ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas, ou com risco de vida, fazem jus a um adicional, conforme os valores abaixo:
I - grau de exposição mínimo de insalubridade: R$ 100,00;
II - grau de exposição médio de insalubridade: R$ 180,00;
III - grau de exposição máximo de insalubridade: R$ 260,00; e
IV - periculosidade: R$ 180,00.
................................................................................” (NR)
Art. 87. Caso o disposto nesta seção acarrete redução do valor global da remuneração total de servidor ativo que, na data de entrada em vigor desta Lei, vinha recebendo adicional de insalubridade ou de periculosidade, a diferença será paga a título de vantagem pessoal nominalmente identificada de, conforme o caso, adicional de insalubridade ou de periculosidade, de natureza provisória, que será gradativamente absorvida por ocasião do desenvolvimento no cargo por progressão ou promoção ordinária ou extraordinária, da reorganização ou da reestruturação dos cargos ou das remunerações previstas nesta Lei, da concessão de reajuste ou vantagem de qualquer natureza, sem prejuízo da supressão imediata na hipótese do art. 68, § 2º, da Lei no 8.112, de 1990.
Mas, por amor ao debate, vejamos o exemplo do enfermeiro (a), entre tantos outros exemplos, ou seja:
- Um trabalhador enfermeiro (a) com 30 anos de casa e que esteja classificado por dentro do nosso plano de carreira (PCCTAE) como E 4 16, salário básico de R$ 5.650,00, recebendo 20% de insalubridade por trabalhar, por exemplo na Unidade de Infecção Hospitalar, então ele recebe R$ 1.130,00, de insalubridade e com a nova Lei do governo Dilma, este enfermeiro receberá R$ 260,00 + VPNI (fixa) de R$ 870,00 que ficará décadas sem ser reajustada, pois há anos não temos mais dissídio lineares, não é?
Agora, um exemplo pior, digamos que dois enfermeiros, um entrou 1 dia antes da promulgação MP 568/2012 e o outro no dia da publicação da MP 568/2012 que já tem efeito de lei, vejamos:
1 - O enfermeiro (a) que acabou de entrar no serviço publico um dia antes da publicação, estará classificado como E 1 1 (PCCTAE), recebe insalubridade máxima de 20% do salário básico que hoje é de R$ 2.989,33, portanto, 20% de insalubridade é R$ 597,87, com esta MP nefasta, ele passaria a ganhar R$ 260,00 + VPNI de R$ 337,33 (fixo) de insalubridade e aquele outro azarado que entrou no dia seguinte da publicação da MP, receberá apenas R$ 260,00.
Enfim, o governo federal ao invés de ofertar ambientes salubres e não perigosos, prefere diminuir os valores dos referidos adicionais, portanto, mais uma vez, como antes foi na previdência publica, na privatização dos Hospitais Universitários (EBSERH), o governo demonstra cabalmente, toda a sua total falta de compromisso com o trabalhador público deste país. Em resumo, os trabalhadores futuros receberam uma merreca por se expor ao trabalho insalubre e periculoso. Nós do MovimentAção por um sindicato combativo vamos levar esta luta até o fim contra estes e outros pontos da MP 568/2012.
Assim, quando você estiver lendo a matéria do G1 e outras agências de Notícias que diz que o governo editou Medida Provisória que aumenta os salários dos Servidores Federais, entenda muito bem, de que lado está a grande mídia. Quando esta mesma matéria afirma que aumentou os valores da gratificação de insalubridade e periculosidade, já está ciente de qual safadeza ou sacanagem que o carinho da Dilma faz quando se trata de Servidor Público e principalmente das Universidades.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Quadrilhas de São João - Crônica escrita em junho de 2002
Há exatos dez anos escrevi essa crônica que era lida em um programa da Rádio Universitária AM.
Quadrilhas de São
João
O dia de São João, a 24 de junho, é o
auge dos festejos juninos, expressão máxima das manifestações folclóricas e
populares do Nordeste. A reverência religiosa foi sem dúvida o grande motivo para a origem dos festejos, porém essa tradição enfraqueceu-se com o passar dos tempos. O
capitalismo se encarregou de dar novas cores, novos formatos, e o que é pior
novos objetivos às festas juninas.
Se antes o consumo de milho e
seus derivados eram comuns por ser esta a época da colheita, hoje o consumo é
orientado pelas peças publicitárias. Se o milho for a moda , coma-se milho, se
for outra coisa... Será assim.
Se antes se dançava quadrilha por
pura diversão e socialização de seus integrantes, com trajes rotos ou com
remendos costurados por cima da roupa, com um trio pé de serra tocando, hoje o
que se vê são as produções teatrais, coreografadas, luxuosas, quase
cinematográficas com som mecânico, estéreo, e arranjos eletrônicos, alguns
feitos especialmente para a apresentação do grupo que visa o título de
quadrilha mais original , mais luxuosa, mais bonita, mais isso, mais aquilo e
um prêmio em dinheiro.
Se antes juntavam-se os amigos
para formar a quadrilha e se ensaiava durante duas ou três semanas antes do São João, hoje se marcam ensaios e formação das quadrilhas com meses de
antecedência e se contratam profissionais para cuidar do figurino, dos ensaios,
do som, etc.
É comum ver, já em setembro do
ano anterior, as quadrilhas começarem a se preparar para o São João do ano
seguinte.
Se antes os erros eram motivos de
alegria e davam o tempero da brincadeira, com integrantes chegando de última
hora e aumentando a quadrilha, hoje o erro é motivo de punição e até de
expulsão do grupo.
Os colégios, que antes estimulavam
essas manifestações, hoje deixam a iniciativa aos próprios alunos. Se eles
quiserem que se responsabilizem pela organização. Os professores só trabalham a
quadrilha com os pequeninos da primeira a quarta série. Será isso suficiente
para que as tradições permaneçam? Não, não é e podemos observar isso.
Alguma coisa está errada, e nada
está sendo feito para evitar a deturpação dessa manifestação. Parece inclusive
que os governantes que cuidam da cultura primam por comercializar o evento em
forma de grande produção, de espetáculo para turista vir, ver e deixar um
bocado de dinheiro, que aliás parece ser a única coisa que interessa.
Se tudo der certo então, breve
será construído um quadrilhódromo para o desfile das agremiações. O problema
vai ser definir aonde será construído esse monumento ao fim das nossas
tradicionais quadrilhas de rua. Na briga estão Caruaru e Campina Grande que disputam o título
de cidade com o melhor, o maior e mais outras qualificações do São João do Nordeste, do Brasil e do mundo.
Carlos Dantas
Assinar:
Postagens (Atom)