De vez em quando a gente devia parar e pensar um pouco no que a gente pensa e acredita ser verdade. Geralmente ridicularizamos, desprezamos (ou coisa pior) os outros só porque eles pensam diferente de nós e acreditam em coisas que consideramos primitivas. Mas não queremos nos dar conta de como nossas crenças podem ser, também, consideradas estranhas. Alguns exemplos de como as culturas e as pessoas pensam diferente: os Incas achavam que o máximo da glória que um guerreiro poderia atingir era ser sacrificado e ter seu coração oferecido aos deuses. Isso era a prática corrente deles antes deles serem trucidados pelos espanhóis no século dezessete. Hoje muitos guerreiros do Islã sonham com uma morte "digna" para poderem ir para o Céu ganhar de Alá as sete virgens prometidas. Na nossa ocidentalizada e moderna sociedade isso não é cabível, talvez por isso aconteçam tantos assassinatos sem razão nenhuma. Os cristãos vivem no ano de 2008 depois de Cristo, acreditando que há 2008 anos Jesus veio ao mundo e fez dessa sua vinda um marco divisor. Os judeus vivem o ano de 5768 depois da criação do mundo, ou seja, para eles também há um antes e um depois, só que não consideram a vinda de Jesus um fato digno de mudar a história de ninguém. Os chineses abriram agora o seu ano 4706, segundo contagem que vem desde que o ano começou a ser marcado por eles. Os muçulmanos consideram a saída de Maomé de Meca e sua chegada a Medina como marco referencial para a contagem do seu tempo, e hoje vivem no ano de 1428. Já 1387 é o ano que os persas estão esperando começar agora no nosso 23 de março. Agora eu pergunto: já parou para imaginar como seria "contar" nossa história sem os a.C. ou d.C.? Estamos tão acostumados com a referência que a "história" começou há 2008 anos que sentimos dificuldade de pensar de outra forma. Mas quem garante que nós estamos certos? Ou até melhor, refazendo a pergunta: há um certo e um (ou mais de um) errado? E por que será que todas as marcações que conhecemos nos foram impostas pela religião? Vamos tentar responder sem usar critérios como "nosso senhor", "alá" ou qualquer outro marco religioso que conseguiu marcar a ferro e fogo sua marca na história?
E uma pergunta que cabe perfeitamente na nossa sociedade ávida de referenciais e salvações divinas: será que dentro de algum tempo (sem limites de demarcação) não haverá a contagem de mais um calendário tipo "antes" e "depois" de Edir Macedo, RR Soares ou qualquer outro "bem-falante" da palavra do senhor?
Fico por aqui. KKA