quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Um conto



O FILME

Carlos Dantas


Ela estava na fila do cinema. Acompanhada. Era noite de estréia de um filme de terror. Não me olhou, mas não deixou de me ver. Seu namorado estava de costas e parecia não perceber nada. Eles se abraçavam e se beijavam somente para se mostrarem. Entramos e eles sentaram-se bem perto de mim. Depois de algumas cabeças roladas e muitos litros de sangue jorrado no chão, o namorado dela levantou-se. Ela se inclinou na minha direção e me deu um bilhete. Olhou-me e mandou um beijo. Ele voltou. Fiquei sem saber como o filme acabou de tanto pensar naquilo. Um nome e um telefone.
No outro dia liguei e ela atendeu.
-Ana, é Carlos. Do cinema.
Ela não fez rodeio:
- Quero te ver. Pode ser hoje?
Fui ao local combinado. Na hora certa ela abriu a porta e me convidou a entrar. Ela estava belíssima e suavemente perfumada.
Levou-me até seu quarto e antes de deitar-me na cama, abraçou-me e beijou meus lábios. A felicidade e excitação acabaram com as três machadadas dadas pelo namorado. Foi assim que morremos.

Um comentário:

Anônimo disse...

pô cara, nem o meu "passional", devidamente postado no blog http://contonton.blog.terra.com.br conseguiu ser tao direto na destruição da alegria alheia. rs! Grande abraço, amigo. Tudo de muito bom, A. Nunes